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segunda-feira, 2 de março de 2009

ARTIGO OPINIÃO

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Permito-me retirar do site http://www.cartaovermelho.esp.br este excelente artigo de opinião, elaborado por Gustavo Caetano Rogério (ex diretor de arbitragem da Federação Paulista e instrutor de arbitragem CBF).

«Exatamente no ano de 1871, e lá se vão 138 anos, passou a existir oficialmente o árbitro de futebol que, jogado às “feras” numa área média de 105 x 70 metros (e máxima de 120 x 90 metros), tinha a responsabilidade de a tudo ver.

Uma maravilha era arbitrar as partidas impondo suas decisões que, poderiam até ser contestadas, mas sem que ninguém pudesse efetivamente comprovar que estivesse errado em qualquer uma delas.

Época em que todos discutiam o pós jogo, defendiam suas teses, criticavam ou elogiavam o árbitro, mas por falta de recursos tecnológicos todos acabavam tendo, ou, não tendo razão... Por essa razão era o “todo poderoso” amado ou odiado e até seus relatos em sumulas se transformava na verdade absoluta dos fatos.

Cento e trinta e oito anos se passaram e, para a arbitragem, parece que o mundo parou e nada evoluiu no planeta Terra. Nada mudou no condicionamento físico dos atletas, nada mudou na velocidade do jogo, nada mudou na característica de participação de jogadores, dirigentes, imprensa e torcedores. Nada mudou, pois acompanhar uma transmissão de partida somente é possível através de enormes rádios que funcionam pela geração de imensas válvulas, ou estar no estádio com fraques e cartolas e acompanhado de suas namoradas ou esposas desfilando elegantíssimos chapéus...

Vocês conheceriam alguma atividade no mundo que não tenha sofrido alguma alteração, não em 138 anos, mas pelo menos nos últimos 10 anos? Somente essa, com certeza...

Em 1931 a Inglaterra “ousou” colocar dois árbitros em campo e ficou só na ousadia porque a tentativa malogrou. Em 1994 o futebol paulista iniciou suas experiências em campeonato infantil, gostou e a levou ao campeonato de aspirantes por exatos três anos. Animada com a experiência solicitou permissão à FIFA e, pela primeira vez em campeonatos profissionais, a dupla arbitragem passou a ser utilizada.

Após as experiências a FIFA solicitou relatório detalhado dos resultados obtidos e, este que lhes escreve, no ano de 2000 foi o responsável pela elaboração dos dados obtidos e conclusões tiradas do experimento.

Maior tempo de bola rolando, menor número de infrações, média de gols superando toda e qualquer média mundial anterior, tudo absolutamente positivo, mas veio a resposta FIFA: “Nossos cumprimentos pela experiência realizada, os números apresentados são realmente positivos, mas infelizmente as despesas para mais um árbitro em campo inviabilizam sua aprovação. Nem todos os paises no mundo com ela poderiam arcar”.

O radio a válvula deixou de existir, o condicionamento físico dos jogadores evoluiu, o futebol se transformou na sua velocidade, e ele, pobre árbitro de futebol, continua sozinho em campo só que, agora vigiado por uma parafernália de câmeras de TV, replay, “tira teima”, comentaristas de arbitragem (por vídeo) e, infelizmente para ele, nem sua sumula é mais a expressão da verdade absoluta e, o que é pior, todos discutem no pós jogo, numa saleta confortavelmente após ver e rever cada lance na TV, se tornando os verdadeiros donos da razão.

Se dois pares de olhos veem mais do que somente um, se com dois árbitros o “campo fica menor”, se cada um vai correr 50% menos do que corre hoje, se por conta disso seu desgaste será menor e por conseqüência terá reflexos mais apurados para decidir, se, além disso, e pela maior proximidade terá mais condições para acertar, mais condições para inibir jogadas violentas, impedir demoras e perdas de tempo em reinícios de jogo e aumentando o tempo efetivo de bola rolando, que tal gastar uns trocados a mais se esta foi, na verdade, a razão para a FIFA não ter aprovado a experiência?

Mais uma reunião do BOARD aconteceu e nada da esperada revolução” no futebol aconteceu... Viva, viva a modernidade!

Até mais amigos!
2/3/2009
Gustavo Caetano

Quem desejar pode contactar o colunista através do site referido.


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