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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ad personam

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Arthur Schopenhauer

Não consigo resistir a partilhar.


No texto "A arte de ter sempre razão", são elencados um conjunto de tópicos ou estratagemas (truques...) que podem (e devem) ser utilizados pelos oponentes de um debate. São 38 no total e o mais importante é mesmo o último.

Neste texto, Schopenhauer faz uma distinção bastante interessante. Uma coisa é argumentar ad hominem, outra é argumentar ad personam.

A primeira consiste em partir das proposições aceites pelo oponente e procurar demonstrar que estão em contradição com outras proposições que ele já concedeu, ou que têm consequências absurdas, ou que são desmentidas por um exemplum in contrarium, ou que simplesmente não são prova do que ele pretende provar.

Isso é diferente de argumentar ad rem, ou seja, de procurar a verdade sobre um dado tema independentemente das concessões do oponente com quem se discute.

Mas argumentar ad personam é ainda outra coisa diferente: neste caso, trata-se de renunciar a todo o tipo de argumentação racional (mesmo que sofística) e atacar simplesmente a pessoa que se pretende levar de vencida. A relação entre o assunto em causa e as características dessa pessoa é obviamente acidental. Pode até tratar-se da pior pessoa do mundo — isso, por si só, nunca implica que não tenha razão. Mas o estratagema de argumentar ad personam consiste precisamente em fazer crer nesse tipo de implicação — em fazer crer que do facto de uma pessoa ter estas ou aquelas características (comprovadas ou não) resulta necessariamente que ela não pode ter razão no assunto que se está a discutir.

A desonestidade intelectual desta forma de argumentar não impede aqueles que a praticam de falar em nome da “ética”.

Infelizmente, estou convencido de que muita gente continua a perfilhar (e a praticar) este último tipo e que aposta tudo na argumentação ad personam.

Quem já abdicou há muito de qualquer tipo de argumentação ad rem, vê-se claramente no facto de basear o seu discurso na absurda ficção de que não há relação entre o que pretende demonstrar/convencer e a realidade que o rodeia, mesmo que (e ainda) consiga reconhecer que errou.


Fontes:
"Roubado" e composto a partir de:
http://simplex.blogs.sapo.pt/139467.html
e também de:
http://cigalhos.blogspot.com/2008/06/arte-de-ter-sempre-razo.html

Outros sites a visitar:
http://plato.stanford.edu/entries/schopenhauer/
http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_resumo2008/resumos/ccs/dir/j_caetano.pdf
http://compare.buscape.com.br/a-arte-de-ter-razao-arthur-schopenhauer-8533621124.html


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